Um militar da divisão de Trânsito da GNR de Albufeira foi constituído arguido pelo Ministério Público pelos crimes de falsificação de documentos, burla e usurpação de identidade, entre outros. Retirava documentação a vítimas mortais de acidentes de viação e depois utilizava-os em seu proveito, com pedidos de créditos financeiros.
O militar de 36 anos, agora suspenso das funções de investigação criminal de acidentes, está a ser investigado desde Novembro de 2008 e os indícios de crimes apontam no sentido do guarda se apoderar dos documentos de vítimas mortais de acidentes, para contrair créditos em nome destas.
"Os familiares estranhavam o facto de surgirem créditos bancários associados a uma determinada pessoa que tinha uma vida financeira estável", disse ao DN fonte policial. Ainda segundo o DN apurou, inicialmente as suspeitas também recaíam sobre a venda de cartas de condução e utilização de cheques e de cartões de crédito.
As primeiras suspeitas surgiram de dentro da própria divisão de trânsito quando se estranhou "a posse de documentos alheios" tendo de imediato apresentado o caso ao Ministério Público que acabou por "relacionar todos os casos de acidentes com vítimas mortais aos militares que investigaram cada acidente".
Durante a investigação, a PJ e a divisão de trânsito seguiram de perto os passos do militar suspeito e "quando lhe era dado um processo para investigar, os inspectores da PJ acompanhavam de perto o desenrolar do mesmo", revelou ainda fonte policial ao DN.
Os crimes que estão a ser investigados remontam a 2008, mas só na passada semana a PJ teve luz verde do Ministério Público para efectuar buscas domiciliárias e ao cacifo do militar, dentro das instalações da Divisão de Trânsito da GNR de Albufeira, tendo "as diligências dentro da GNR passado despercebidas a todos os militares, que nem sabiam o que os inspectores faziam ano local".
Constituído arguido, o guarda está neste momento ausente por baixa psicológica, mas antes já tinha sido transferido para o serviço de atendimento ao público.
O DN sabe que, durante a investigação, os inspectores da PJ ainda tentaram apurar se havia mais algum militar envolvido nos crimes mas, por enquanto, os indícios recaem apenas sobre um único homem.
No Tribunal de Albufeira, o procurador do Ministério Público, titular do processo, requereu que fosse activado o segredo de justiça para preservar a investigação.
Para os colegas de profissão, o militar em causa, de 36 anos "aparenta ser competente e trabalhador". Entrou para a GNR em Beja no ano de 2003 e há cerca de cinco anos foi transferido para Albufeira.
O presidente da Associação Sócio-Profissional da Guarda, José Alho, lembra que "até prova em contrário, para nós, o militar é inocente, mas caso se confirmem as suspeitas, só resta um caminho a seguir, ir para a rua" (ver entrevista ao lado).
Já o comando-geral da GNR reconhece ter conhecimento do caso (ver caixa ao lado) e refere que se trata de um caso denunciado pela própria instituição às autoridades competentes.
Fonte: DIARIO DE NOTICIAS